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Manejo clínico da osteoartrite

Tiempo de lectura: 3 minutos

DR. SILVIO FIGUEIRA CRM 44173-SP

Médico assistente do Serviço de Reumatologia do
Hospital do Servidor Estadual de São Paulo (HSPE-FMO); Reumatologista do Hospital Cruz Azul de São Paulo

A osteoartrite (OA) é a condição reumatológica mais frequente, acometendo principalmente a população na terceira idade. Tem uma grande influência na qualidade de vida dos indivíduos acometidos e torna-se, na atualidade, uma condição de saúde pública, visto que a expectativa de vida no Brasil e no mundo cresce de maneira exponencial .

As alterações características dessa condição crônica, progressiva e degenerativa, que acomete toda a articulação, incluem graus variados de inflamação e alterações estruturais iniciadas na cartilagem e, posteriormente, no osso subcondral e no tecido sinovial, sendo, atualmente, considerada uma patologia inflamatória em baixo grau .

As manifestações clínicas principais incluem a dor, com características protocinéticas principalmente nas articulações de carga, limitações progressivas dos movimentos, presença de derrames articulares com volumes variáveis, presença de sinais inflamatórios persistentes ou intermitentes, culminado com incapacidade em um número significativo de pacientes. A sarcopenia secundária às restrições da mobilidade articular também é considerada de fundamental importância na dificuldade de marcha e na pior resposta às mobilidades terapêuticas.

O tratamento da maioria das doenças crônicas pode ser aplicado também aos pacientes com OA. São prescritos por longos períodos e individualizados para as reais necessidades de cada paciente. Devem sempre ser determinados levando em consideração as melhores evidências científicas disponíveis. Os pacientes devem ser informados sobre a necessidade de um tratamento multidisciplinar, com ênfase nas terapêuticas físicas, como melhora da força muscular em membros inferiores, estímulo à deambulação, controle ou redução de peso, correção dos desvios articulares e outras medidas de auxílio, como controle de depressão e outras comorbidades associadas. Os principais objetivos são de minimizar as dores e otimizar a função articular.

A adesão ao tratamento é fundamental no sucesso terapêutico e deve ser delineada na abordagem inicial dos pacientes com OA e monitorado nas visitas ambulatoriais periódicas. Nesse aspecto, é importante a educação do paciente frente às demandas do tratamento não farmacológico e ao uso de medicamentos ou suplementos nutricionais por longos períodos.

Os analgésicos simples e os anti-inflamatórios não hormonais por via oral ou em uso tópico devem ser prescritos de acordo com a necessidade de cada paciente, sempre com cuidado, devidos aos efeitos colaterais desses fármacos. Aplicam-se, principalmente, aos pacientes com OA sintomática em várias articulações que não respondem satisfatoriamente ao uso de medidas físicas ou aos analgésicos .

O sulfato de glucosamina (SG) em associação com sulfato de condroitina (SC) é recomendado nos consensos internacionais (OARSI, EULAR) e na Diretriz Brasileira do diagnóstico e tratamento da osteoartrite (artrose) . Os medicamentos de ação lenta (SYSADOAs) são amplamente empregados no manejo farmacológico da OA. Os mais conhecidos em nosso meio incluem a diacereína, os extratos insaponificáveis de soja e abacate, os harpagosídeos e os antimaláricos. Os colágenos hidrolisados e não hidrolisados são suplementos alimentares também empregados nesse manejo.

Vários estudos foram conduzidos na avaliação da eficácia dessa combinação no controle sintomático e na inibição da progressão da OA, principalmente em joelhos e nos quadris. Alguns estudos mostraram resultados conflitantes, porém uma meta-análise clássica demonstrou que o SG promove uma proteção estrutural da articulação. Também foi demonstrado um efeito inibitório em relação ao estreitamento articular no compartimento medial dos joelhos no grupo de pacientes que usaram o SG durante um período de três anos .

Em conclusão, considerando a faixa etária da população tratada e o tempo prolongado de uso, devemos salientar que é fundamental para uma adesão adequada ao tratamento: a baixa incidência de efeitos colaterais, o sabor palatável e a boa tolerabilidade às apresentações cítricas leves em sachês, que beneficiam, principalmente, os pacientes com dificuldade de deglutição. A ausência de açúcar na composição é extremamente favorável no tratamento de pacientes diabéticos e nos idosos, minimizando os efeitos gastroesofágicos.

A apresentação em cápsulas favorece o grupo de pacientes que não toleram ou enjoam da tomada dos sachês, sendo igualmente efetiva e isenta de efeitos colaterais.

Vários estudos foram conduzidos na avaliação da eficácia dessa combinação no controle sintomático e na inibição da progressão da OA, principalmente em joelhos e nos quadris.

Referências

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Photo by Towfiqu barbhuiya on Unsplash

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