Vertismed Brasil | ARTIGO COMENTADO: “Comparação da eficácia entre o ibandronato oral mensal e o risedronato entre mulheres coreanas com osteoporose: um estudo de base populacional em âmbito nacional.”

ARTIGO COMENTADO: “Comparação da eficácia entre o ibandronato oral mensal e o risedronato entre mulheres coreanas com osteoporose: um estudo de base populacional em âmbito nacional.”

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Artigo Comentado pelo Dr Ben-Hur Albergaria: “Comparação da eficácia entre o ibandronato oral mensal e o risedronato entre mulheres coreanas com osteoporose: um estudo de base populacional em âmbito nacional.”

Lee DR, Lee J. Comparison of the efficacy between once-monthly oral ibandronate and risedronate among Korean women with osteoporosis: a nationwide population-based study. Osteoporos Int. 2019;30(3):659-666.

INTRODUÇÃO

A osteoporose é uma doença caracterizada pela fragilidade óssea e alterações na sua microarquitetura, tem como desfecho clínico mais importante a ocorrência de fraturas por baixo impacto e afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo[i]. Assim sendo, o manejo correto desta condição torna-se uma prioridade na assistência médica atual[ii].

Os bisfosfonatos orais são os medicamentos mais utilizados no tratamento da osteoporose[i], sendo que os pacientes geralmente preferem os bisfosfonatos de regime mensal (ibandronato e risedronato) ao invés do semanal, principalmente devido à sua conveniência[ii]. No entanto, a eficácia anti-fratura desses dois medicamentos não foi comparada. Portanto, nosso objetivo foi comparar a eficácia da prevenção de fraturas entre o ibandronato e o risedronato mensais apresentando comentário de um importante estudo publicado recentemente: “Comparação da eficácia entre o ibandronato oral mensal e o risedronato entre mulheres coreanas com osteoporose: um estudo de base populacional em âmbito nacional[iii].”

I. SÍNTESE DO ESTUDO

No artigo em pauta, os autores realizaram um estudo de coorte retrospectivo entre mulheres coreanas com idade ≥ 60 anos, de 2006 a 2015, usando um banco de dados nacional da Coorte Sênior do Serviço Nacional de Seguro de Saúde. O desfecho primário foi a primeira ocorrência de fratura relacionada à osteoporose após a prescrição inicial dos bisfosfonatos. Um modelo proporcional de Cox foi usado para estimar as taxas de incidência e intervalos de confiança de 95% (ICs) para fraturas entre os dois tratamentos, após o ajuste para possíveis fatores de confusão.

Utilizando o método de correspondência do escore de propensão (“propensity score matching”), uma das técnicas estatísticas mais robustas para minimizar fatores de confusão em estudos observacionais[i], os grupos ibandronato e risedronato, com 3454 pacientes cada, foram escolhidas dentre 36.701 novas usuárias de ibandronato ou risedronato uma vez por mês. Após quatro anos de acompanhamento, o grupo ibandronato apresentou taxas de incidência de fraturas totais e não vertebrais significativamente mais baixas do que o grupo risedronato (RR= 0,82, IC 95% 0,69-0,96, P = 0,01 e RR= 0,79, IC 95% 0,66– 0,98, P = 0,03, respectivamente). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois bisfosfonatos na redução de fraturas vertebrais e de quadril. Os autores concluem demonstrando que o ibandronato uma vez ao mês (150 mg) mostrou melhor eficácia anti-fratura do que o risedronato uma vez ao mês (150 mg) neste estudo.

II. O ESTUDO EM PERSPECTIVA

Este relevante estudo se junta a um robusto corpo de evidências que nos ajudam a entender a eficácia clínica comparativa de ibandronato e risedronato. Em termos de efeitos na densidade mineral óssea (DMO), o estudo TRIO, um ensaio clínico randomizado, paralelo, aberto, de dois anos de duração, comparou três bisfosfonatos (ibandronato, risedronato e alendronato)[i]. Houve um aumento significativo da DMO de coluna lombar, do quadril total, do colo do fêmur e do corpo total durante a exposição aos três bisfosfonatos. No entanto, os aumentos na DMO foram maiores com ibandronato e alendronato do que com o risedronato, não havendo diferença estatisticamente significante entre ibandronato e alendronato. O mesmo resultado foi obtido com relação aos efeitos destes três bisfosfonatos na redução dos marcadores de remodelação óssea (MRO), sendo a magnitude da redução dos MRO consistentemente superior no grupo do ibandronato àquela observada no grupo alocado para o risedronato[ii].

Com relação à redução do risco de fraturas, um grande estudo observacional, de mundo real, o estudo VIBE (The eValuation of IBandronate Efficacy), comparou diretamente (head-to-head) taxas de fratura entre pacientes tratados com ibandronato mensal e bisfosfonatos orais semanais (alendronato e risedronato)[iii]. Este estudo de coorte retrospectivo concluiu que os pacientes com ibandronato tiveram um risco relativo significativamente menor de fratura vertebral do que os pacientes com bisfosfonatos semanais e que não houve diferença, entre os bisfosfonatos orais na redução do risco de fratura de quadril, fratura não-vertebral e qualquer fratura clínica.

III. CONCLUSÃO

Na avaliação de qualquer tratamento, um robusto corpo de evidências deve ser considerado. Como a adição deste estudo que comentamos neste artigo, cresce o conjunto de informações científicas que demonstram que o ibandronato, quando comparado ao risedronato, também apresenta sólida evidência de potência antirreabsortiva, eficácia anti-fratura, segurança clínica e comodidade posológica que podem aumentar significativamente a aderência e efetividade do tratamento da osteoporose.

 

Referências

[i] Paggiosi MA et al. Comparison of the effects of three oral bisphosphonate therapies on the peripheral skeleton in postmenopausal osteoporosis: the TRIO study. Osteoporos Int. 2014;25(12):2729-41. 

[ii] Naylor KE et al. Effects of discontinuing oral bisphosphonate treatments for postmenopausal osteoporosis on bone turnover markers and bone density. Osteoporos Int. 2018;29(6):1407-1417. 

[iii] Harris ST et al. Risk of fracture in women treated with monthly oral ibandronate or weekly bisphosphonates: the eValuation of IBandronate Efficacy (VIBE) database fracture study. Bone. 2009;44(5):758-65.

[i] Thomas L, Li F, Pencina M. Using propensity score methods to create target populations in observational clinical research [published online ahead of print, 2020 Jan 10]. JAMA. 2020.

[i] Papapoulos SE. Use of bisphosphonates in the management of postmenopausal osteoporosis. Ann N Y Acad Sci. 2011;1218:15-325.

[ii] Kastelan D et al. Preference for weekly and monthly bisphosphonates among patients with postmenopausal osteoporosis: results from the Croatian PROMO study. Clin Rheumatol. 2009;28(3):321-6.

[iii] Lee DR, Lee J. Comparison of the efficacy between once-monthly oral ibandronate and risedronate among Korean women with osteoporosis: a nationwide population-based study. Osteoporos Int. 2019;30(3):659-666.

[i] Radominski SC et al. Brazilian guidelines for the diagnosis and treatment of postmenopausal osteoporosis. Rev Bras Reumatol Engl Ed. 2017;57 Suppl 2:452-466.2.

[ii] Marinho BC, Guerra LP, Drummond JB, Silva BC, Soares MM. The burden of osteoporosis in Brazil. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2014;58(5):434-43.3.

Dr Ben-Hur Albergaria - CRM 3775 ES - professor de Epidemiologia Clínica - (UFES); Diretor Técnico - CEDOES Diagnóstico e Pesquisa da Osteoporose; 

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