Vertismed Brasil | A BUSCA PELO PROTAGONISMO FEMININO

A evolução do protagonismo feminino na Medicina

Tiempo de lectura: 2 minutos

por: Dra. Maria Claudia Bicudo Furst

         O equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, atualmente, é tema de ampla discussão em todas as esferas. Em meio ao século XXI, a mulher ainda se encontra dividida entre as múltiplas tarefas e, constantemente, é cobrada pelo sucesso em todos os âmbitos. Seja com a maternidade, no trabalho, no cuidado com o corpo, na organização da casa, no cuidado com os filhos, e muitos outros. Quem nunca ouviu uma mulher sendo julgada por trabalhar muito e não conseguir tempo para os filhos, ou por ficar com os filhos e não trabalhar? São inúmeras as cobranças com as quais as mulheres se deparam ao longo das suas vidas.

            No campo da medicina, observamos algumas grandes evoluções. Historicamente, a medicina era cursada somente por homens. A primeira mulher médica que se tem relato foi Margaret Ann Bulkley, nas Ilhas Britânicas, que para concluir o curso em 1812 e exercer a profissão assumiu o nome de “James Miranda Barry”. Somente após o seu falecimento a sua verdadeira identidade foi descoberta.

            Segundo relatos, as mulheres no início do século XX sofriam uma série de restrições durante a graduação em Medicina. Nas aulas de Anatomia, por exemplo, não tinham acesso aos cadáveres do sexo masculino e estudavam somente por meio de laudas.        

No Brasil, a primeira mulher a cursar Medicina foi Rita Lobato Velho Lopes, tendo iniciado sua graduação no Rio de Janeiro e finalizado na Bahia, defendendo em 1887 a tese “Paralelo entre os métodos preconizados na operação cesariana”.

            Na década de 30, 80% dos médicos eram homens. No decorrer dos anos, porém, tem ocorrido uma inversão na proporção entre homens e mulheres médicos, de acordo com o Conselho Federal de Medicina. Em 2017 a distribuição de homens e mulheres já era 54,4% e 45,6%, respectivamente. Seguindo essa projeção, a mulher passou a ter maior acesso ao curso de Medicina e, com isso, a ocupar espaço em todas as especialidades médicas.

            A Urologia ainda é o campo com o menor número de mulheres entre as especialidades médicas. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, em 2020 existiam 5054 urologistas no Brasil, sendo que as mulheres representavam 2,8% desse total. Já entre os residentes, ou seja, os médicos em treinamento, essa proporção cresce para quase 10%.

            Em 2015, foi formado um grupo de mulheres urologistas, do qual faço parte, chamado “Orquídeas”, com o objetivo de acelerar a comunicação entre todas as urologistas do Brasil, além de uma ampla rede de apoio para informação e troca de experiências. Hoje, o grupo conta com 222 integrantes entre urologistas formadas e médicas em formação.

A orquídea é uma bela flor com inúmeras cores e formas, cuja maior característica é a resiliência. Com esse símbolo, desejamos nos unir em força e amor pela especialidade, inspirando umas às outras a vencer as dificuldades das múltiplas tarefas que exercemos – como todas as mulheres – nas diferentes profissões, na certeza de que tudo que se deseja de verdade é possível.

            Que possamos formar uma grande rede de apoio entre todas as mulheres e colocar em prática as palavras da Madre Tereza de Calcutá, que diz: “Nunca se preocupe com os números, ajude uma pessoa de cada vez, e sempre comece pela mais próxima de você.” Assim, nos ajudando e inspirando mutuamente, seremos cada vez mais livres para assumir o protagonismo que almejamos.

            Feliz Dia das Mulheres para todas!

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