Vertismed Brasil | Os desafios na saúde da mulher

os desafios na saúde da mulher

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Durante o mês de março vemos um destaque para a valorização da mulher e sua importância na sociedade, também é válido falarmos sobre os desafios ainda presentes se tratando da saúde da mulher em nosso país.

A OMS fez um levantamento sobre o avanço que a saúde da mulher teve nos últimos anos na região das Américas. Além do aumento da expectativa de vida, houve redução de mortes evitáveis, melhor amparo pré-natal, prevenção de cânceres e outras melhorias.

Entretanto, existem muitas áreas da saúde da mulher que ainda precisam atenção, principalmente no Brasil, apesar de todos os avanços que elas conseguiram com muita luta.

Abaixo explicamos mais sobre a saúde da mulher e os principais desafios encontrados no Brasil.

 

Saúde da mulher versus saúde do homem


Mesmo tendo sua maior parte formada pelo sexo feminino, o Brasil passou a dar atenção a programas e protocolos para a saúde da mulher em tempos relativamente recentes. Foi somente na década de 50 que surgiram programas focados em planejamento familiar e combate à desnutrição da mulher.

Nos anos 70, a saúde pública iniciou a prestar assistência a mães e bebês com objetivo de garantir gestações mais saudáveis, preocupação com o bem-estar da mulher e cuidados no pré-natal mais completos.

Fisiologicamente, é importante fazer essa separação entre gêneros porque o sexo feminino possui algumas propensões a doenças crônicas de forma diferente que os homens. Diabetes, por exemplo, atinge 8,1% das mulheres, contra 7,1% dos homens.

Outra doença crônica que afeta o sexo feminino em maior proporção é obesidade, que vem aumentando nos últimos anos. São 20,7% das mulheres consideradas obesas, contra 18,7% dos homens.

Ainda, as mulheres possuem mais chance de desenvolver osteoporose devido à menopausa, assim como complicações cardíacas e hipertensão. O HPV é uma doença sexual transmissível que também causa mais risco nas mulheres, com chances de desenvolverem câncer no colo do útero.

Ainda, além de características hormonais distintas, é a mulher quem passa pela gestão e dá à luz, o que igualmente precisa de cuidados e atenção distintos.

A ansiedade, a depressão e o estresse também atingem mais as mulheres, segundo pesquisa da Universidade da Califórnia. Elas estão mais propensas a desenvolver essas doenças pelas diferenças de gênero, pressões sobre trabalho e vida pessoal.

A saúde da mulher no Brasil


Como citamos, as políticas voltadas para cuidar da saúde feminina foram criadas recentemente, e em sua maioria, focadas na gestão. Foi só em 1983 que surgiu o PAISM (Programa de Assistência Integral à Saúde Mulher), lançado pelo Ministério da Saúde.

No começo, o foco era atender a mulheres entre 15 e 19 anos, mas depois de muita reivindicação, foi estendido para todas as idades do sexo feminino. O grande diferencial do programa foi considerar a saúde da mulher de forma integral.

Nessa abordagem, o PAISM passou a falar sobre saúde reprodutiva, assistência pré-natal completa, cuidados do parto e no puerpério, planejamento familiar, atenção na prevenção de DSTs, prevenção do câncer de mama e do colo do útero, entre outros.

Depois, em 2004, esse programa foi transformado no PNAISM (Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher), e continua em atividade.

Uma das campanhas mais famosas sobre a saúde da mulher é  “Outubro Rosa”, que tem dado destaque para a prevenção do câncer de mama nos últimos anos e se faz necessária quando vemos as porcentagens sobre a doença no país.

As previsões feitas pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer) é de que considerando o ano de 2018, seriam diagnosticados anualmente cerca de 59.700 casos dessa doença nas mulheres. Ou seja, a projeção indica que a cada 100 mil mulheres, 56 possuem grandes chances de desenvolver o câncer de mama.

Ainda podemos destacar outras conquistas voltadas à saúde feminina no país, como:

  • Política Nacional de Direitos Sexuais e de Direitos Reprodutivos (2005)
  • Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida (2006)
  • Política Nacional de Planejamento Familiar (2007)
  • Lei nº 11.664 (2008), que exige que saúde pública busque meios para realizar a prevenção, o diagnóstico em fase inicial e o tratamento para cânceres de mama e colo do útero.

 

Desafios da saúde da mulher


Mesmo programas pautados pela saúde pública e as várias políticas conquistadas, ainda podem ser observados vários problemas de real desenvolvimento para a aplicação desses benefícios.

Primeiramente, ao considerarmos somente o tamanho do país, já existem problemas que atrasam a implantação dessas políticas em todo o território, assim como dificuldade de acesso aos serviços de saúde.

Um dos principais desafios hoje, é tentar diminuir a mortalidade materna no Brasil. Os dados mostram que o país atingiu 62 mortes a cada 100 mil nascimentos, muito acima da meta determinada pela ONU, que era de 35 mortes.

Ainda existe uma grande dificuldade de implementar leis e programas que zelem pela saúde mental e física das mulheres se tratando da violência sexual e doméstica no país.

Outro ponto é o aumento da prática de acompanhamento ginecológico para adolescentes, assim como se faz necessário o uso de políticas para reduzir o número de gravidez que ocorrem nessa faixa etária.

Ainda existe uma grande dificuldade em aumentar a adesão na vacinação de jovens mulheres contra o HPV, assim como programas que ajudem na conscientização sobre alimentação e vida mais saudável.

Outro grande desafio relativo à saúde da mulher no Brasil é a violência obstétrica (VO). Ela é definida considerando os possíveis atos de violência que as mulheres sofrem de forma física, psicológica, sexual e de negligência.

Ela refere os profissionais de saúde que executam essas práticas ao considerarmos a gestação da mulher, o parto, puerpério, situações de abortamento e os cuidados com o recém-nascido.

Geralmente a violência obstétrica se dá com o uso de procedimentos não firmados em evidências comprovadas cientificamente, como a episiotomia de rotina, manobra de kristeller durante o parto, a cesariana eletiva, aminiotomia precoce, dentre outros.

Os dados mostram que a violência obstétrica acontece em porcentagens assustadoras, variando entre 18% e 44%, conforme mostram os estudos de base populacional.

Ainda que na última década a violência obstétrica tenha sido trazida como pauta relevante sobre a saúde da mulher, ainda existem muitas dificuldades para redução dessa porcentagem, já que os atos de VO não são impostos como crime por nenhuma política pública.

Para dificultar ainda mais o processo de conscientização da VO, em maio de 2019, o Ministério da Saúde emitiu o Ofício nº 017/19 (JUR/SEC), dizendo que o termo “violência obstétrica” é inadequado, decretando que deve ser banido seu uso em documentos legais ou em políticas públicas.

Ainda existe muito a melhorar na saúde da mulher em nosso país, e o Dia da Mulher é uma ótima oportunidade para que esses temas sejam levantados e discutidos entre a população e o governo de nosso país.



Referências:

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_atencao_mulher.pdf

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/is_digital/is_0303/pdfs/IS23(3)079.pdf

https://bioemfoco.com.br/noticia/saude-da-mulher-quais-as-conquistas-e-o-que-pode-melhorar-por-elas/

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