Vertismed Brasil | Os desafios da anticoncepção na adolescência

Os desafios da anticoncepção na adolescência

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Embora existam há mais de 50 anos, os contraceptivos hormonais ainda geram muitas controvérsias, sobretudo quando se trata de seu uso durante o período da adolescência. Tal fato acaba por levar alguns médicos a optarem por não indicar o uso de anticoncepcionais, e até mesmo evitar conversar com adolescentes sobre questões relacionadas a sexo.​

Entretanto, com o início precoce da vida sexual e a incidência de gestações em meninas com idades de 10 a 19 anos, é necessário um olhar atencioso da comunidade médica para a questão, em especial por pediatras e ginecologistas.​

Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2014 nasceram mais de 550 mil crianças filhas de mães adolescentes. Atualmente, estima-se que 1 em cada 5 mulheres brasileiras serão mães antes de finalizar a adolescência, realidade que pode prejudicar a vida e o desenvolvimento de muitas mulheres, visto que a gravidez precoce, na maioria das vezes, não é planejada.​

Por parte dos médicos, embora exista a preocupação com a gestação indesejada, ocorre também a incumbência em cumprir com as leis e a ética médica, especialmente por se tratar de uma paciente menor de idade. Além disso, em alguns casos, ocorre a interferência pessoal do médico que, por não achar que a adolescência seja um período para praticar atos sexuais, se abstém de conversas sobre o tema.​

Ainda assim, vale mencionar que, em pesquisa autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-RS¹, houveram análises e debates sobre essas questões, dadas como polêmicas. Em resumo, o consenso foi de que a privacidade e a confidencialidade na consulta médica é um direito da adolescente, com ressalvas para casos específicos que comprometam sua saúde ou segurança.

A adolescente, ainda, tem direito assegurado à educação sexual e conhecimento de qualidade sobre contracepção. Dessa forma, o ideal é colher informações e contar com o acompanhamento dos profissionais mais indicados para isso, os médicos.​

Visto que a iniciação sexual geralmente ocorre ainda na adolescência, e que tais atos vêm acontecendo cada vez mais cedo no Brasil, é importante estar preparado para educar e apoiar os adolescentes. Por isso, o respaldo de pediatras e ginecologistas é fundamental.​

Junto da orientação ao uso de anticoncepcional, vale ressaltar que também deve ser recomendado o uso de proteção dupla, principalmente preservativos masculinos ou femininos, buscando reafirmar que o contraceptivo previne a gravidez, mas não as infecções sexualmente transmissíveis (IST’s).​

Por fim, faz-se essencial a participação e acompanhamento médico de profissionais que, de fato, se preocupem com a saúde e bem-estar dessas meninas-mulheres, não somente a partir dos diálogos abertos sobre a temática, mas também na escolha correta e segura do medicamento mais adequado para cada paciente, permitindo que elas se tornem cada vez mais livres para explorarem sua sexualidade, com base em um conhecimento de qualidade que só um especialista pode oferecer.​

Referências:

  1. Loch, Jussara de Azambuja; Clotet, Joaquim; e Goldim, José Roberto. Privacidade e confidencialidade na assistência à saúde do adolescente. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/gfw8qDBrvHHwKqnbPn86vXK/?lang=pt
  2. Sociedade Brasileira de Pediatria. Anticoncepção na adolescência. Guia prático de atualização, Nº 7, Fev. 2018.​
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