Vertismed Brasil | TRATAMENTO: TERAPIAS UTILIZADAS PARA TRATAMENTO DA FPI

Tratamento: terapias utilizadas para tratamento da FPI

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Tratamento farmacológico:


Com a melhor compreensão da patogenia da FPI, passou-se a investir em estudos com medicações que têm como alvo fundamental as vias envolvidas na fi brose. Em 2014, dois fármacos, a pirfenidona e o nintedanibe, mostraram-se capazes – em grandes estudos randomizados e placebo-controlados – de reduzir o declínio da função pulmonar, medida pela CVF, em média à metade do valor observado nos grupos placebo.30, 36

A partir desta data estas medicações foram aprovadas em dezenas de países para tratamento da FPI. A última diretriz da ATS/ERS/ JRS/ALAT, publicada em 2015, fez recomendação condicional para o uso do nintedanibe e da pirfenidona, indicando que os fármacos seriam uma escolha apropriada para a maioria dos pacientes, reconhecendo que diferentes escolhas deveriam ser feitas para pacientes individualmente, e que os valores e preferências do paciente deveriam ser considerados nesta decisão.37 Conclusão semelhante (recomendação condicional) foi feita pela Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia em Diretriz guiada igualmente pelo sistema GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation), recentemente publicada.2

O nintedanibe é um inibidor intracelular das tirosina-quinases, incluindo o receptor do fator de crescimento fi broblástico, o receptor do fator de crescimento derivados das plaquetas e o receptor do fator de crescimento endotelial (VEGF). O nintedanibe interfere com a proliferação de fi broblastos, migração, diferenciação e secreção de componentes da MEC no pulmão.30 A pirfenidona tem ações antifi bróticas, anti-infl amatórias e antioxidantes. Inibe a proliferação de fibroblastos, sua diferenciação e síntese de colágeno.36

Metanálises mostraram que o nintedanibe e a pirfenidona reduzem o declínio da CVF em grau semelhante.38 Os pacientes devem ser orientados a este respeito, isto é, que o tratamento farmacológico visa o retardo na progressão da doença, e que este objetivo será avaliado pela repetição
seriada dos testes de função pulmonar. No melhor cenário, os fármacos antifibróticos conseguem deter a progressão da FPI, de modo que a melhora da dispneia não é esperada, embora redução da tosse com a pirfenidona possa ser observada.39

Sendo a fibrose pulmonar uma condição irreversível, no intuito de preservar a melhor função pulmonar, é também importante que se discuta com o paciente a necessidade do tratamento em fases iniciais da doença, mesmo na ausência de sintomas. Em pacientes com CVF na faixa prevista, o efeito sobre o declínio da função pulmonar é semelhante ao observado em pacientes com CVF reduzida, com ambos os fármacos.40

Tratamento não farmacológico:

Além do tratamento farmacológico, outras opções são benéficas para a melhora de sintomas e QV destes pacientes, como: vacinações, manejo de comorbidades, alívio de sintomas, tratamento de ansiedade e/ou depressão, oxigenoterapia, reabilitação pulmonar e cuidados paliativos dirigidos
ao paciente e aos cuidadores.41

O manejo específico de comorbidades, como o RGE, pode influenciar o curso e sintomas da FPI. A discussão sobre o tratamento de rotina desses pacientes com inibidores de bomba de prótons persiste. A diretriz da ATS/ERS/JRS/ ALAT, atualizada em 2015, recomenda o tratamento de
RGE de rotina. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) não faz nenhuma recomendação a respeito, com base na falta de evidências adequadas, porém, pacientes sintomáticos devem ser tratados.

O transplante pulmonar é uma opção para uma minoria de pacientes com FPI, tendo em vista a idade em geral avançada e a frequente presença de comorbidades. Os pacientes com idade abaixo de 65 anos devem ser encaminhados precocemente para um grupo de transplante.41

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