Vertismed Brasil | DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA DA FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA NO BRASIL E NO MUNDO

Definição e epidemiologia da FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA no Brasil e no mundo

Tiempo de lectura: 3 minutos

Por: Carlos Alberto de Castro Pereira
Maria Raquel Soares
Soraya Abou El Hosn Cordero da Silva

As doenças pulmonares intersticiais (DPI) englobam dezenas de condições, reunidas pelas características comuns de envolvimento pulmonar difuso e distúrbio em geral restritivo nos testes de função pulmonar, associado à baixa difusão do monóxido de carbono (DCO). As DPIs são classificadas de acordo com causas conhecidas e causas desconhecidas, também chamadas de idiopáticas.1 Veja na figura 1, onde a FPI se encontra na classificação das doenças pulmonares intersticiais.2 A fibrose pulmonar idiopática (FPI) é a mais frequente das pneumonias intersticiais idiopáticas.
A FPI é, portanto, uma doença de origem desconhecida, definida como uma forma específica de pneumonia intersticial crônica fibrosante, progressiva. Ocorre principalmente em adultos mais velhos, é limitada aos pulmões e está associada ao padrão histopatológico e/ou radiológico
de pneumonia intersticial usual (PIU).3 A FPI é a condição que apresenta o pior prognóstico dentre todas as DPIs, com mediana de sobrevida de 2 a 3 anos após diagnóstico.4

O diagnóstico de FPI não é fácil, existindo diversas doenças pulmonares que cursam com fibrose. Critérios diagnósticos para FPI vêm sendo melhor definidos mais recentemente5 e isso influenciou no desconhecimento da sua real incidência e prevalência no mundo todo e, consequentemente,
em nosso país. Uma revisão sistemática recente sugere que, em estimativa conservadora, a incidência da doença gire em torno de 3-9 casos por 100.000 habitantes para a América do Norte e Europa.6 As incidências parecem ser menores para a América do Sul e Ásia. Outra revisão, um
pouco mais antiga, indica que a prevalência de FPI nos EUA e em países europeus varie entre 14,0 e 27,9 e entre 1,25 e 23,4 casos por 100.000 habitantes, respectivamente.7

Na ausência de dados brasileiros de prevalência da doença, autores tentaram calcular o número de acometidos especulando com dados disponíveis de outros países. Dessa forma chegaram a conclusão que, no Brasil, a incidência anual de casos de FPI possa girar entre 6.841 e 9.997 casos
(3,5 a 5,1 por 100.000 habitantes) e que a prevalência possa variar entre 13.945 e 18,305 casos (7,1 a 9,4 por 100.000 habitantes). Como a FPI é muito rara em jovens, se limitarmos a análise apenas a faixas etárias a partir dos 55 anos, a prevalência projetada irá girar entre 9.986 e 16.109
casos (5,1 a 8,3 por 100.000 habitantes).8

REFERÊNCIAS:

1. Baldi BG, Pereira CA, Rubin AS, Santana AN, Costa AN, Carvalho CR, et al. Highlights of the Brazilian Thoracic Association guidelines for interstitial lung diseases. J Bras Pneumol. 2012;38(3):282-91.
2. Baddini-Martinez J, Ferreira J, Tanni S, Alves LR, Cabral Junior BF, Carvalho CRR, et al. Brazilian guidelines for the pharmacological treatment of idiopathic pulmonary fibrosis. Official document of the Brazilian Thoracic Association based on the GRADE methodology. J Bras Pneumol. 2020;46(2):e20190423.
3. Raghu G, Remy-Jardin M, Myers JL, Richeldi L, Ryerson CJ, Lederer DJ, et al. Diagnosis of Idiopathic Pulmonary Fibrosis. An Official ATS/ERS/JRS/ALAT Clinical Practice Guideline. Am J Respir Crit Care Med. 2018;198(5):e44-e68.
4. Soares MR, Pereira C, Ferreira R, Nei Aparecida Martins Coletta E, Silva Lima M, Muller Storrer K. A score for estimating survival in idiopathic pulmonary fibrosis with rest SpO2>88. Sarcoidosis Vasc Diffuse Lung Dis. 2015;32(2):121-8.
5. Raghu G, Collard HR, Egan JJ, Martinez FJ, Behr J, Brown KK, et al. An official ATS/ERS/JRS/ ALAT statement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med. 2011;183(6):788-824.
6. Hutchinson J, Fogarty A, Hubbard R, McKeever T. Global incidence and mortality of idiopathic pulmonary fibrosis: a systematic review. Eur Respir J. 2015;46(3):795-806.
7. Nalysnyk L, Cid-Ruzafa J, Rotella P, Esser D. Incidence and prevalence of idiopathic pulmonary fibrosis: review of the literature. Eur Respir Rev. 2012;21(126):355-61.
8. Baddini-Martinez J, Pereira CA. How many patients with idiopathic pulmonary fibrosis are there in Brazil? J Bras Pneumol. 2015;41(6):560-1.

¡Haz clic para calificar esta publicación!